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Em patamar recorde, rotatividade do mercado de trabalho acelera mais na geração Z

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23/04/2025 - 08:02
Fonte: Folha de SP

Levantamento mostra que 36% dos profissionais CLT trocaram de emprego em 12 meses; índice vai a 40% entre os de até 29 anos

 

O trabalho remoto no pós-pandemia, a queda da taxa de desemprego e a rápida digitalização da economia levaram a rotatividade do mercado de trabalho a atingir patamar recorde no Brasil: 36% dos trabalhadores com carteira assinada mudaram de emprego nos últimos 12 meses. A taxa era de 25% há cinco anos.

Segundo levantamento da LCA Consultores com base em números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), esse forte salto é generalizado entre os trabalhadores, mas a curva de crescimento vem sendo mais acentuada no caso da chamada geração Z (nascidos entre 1997 e 2010).

Em fevereiro deste ano, cerca de 40% dos trabalhadores com até 29 anos haviam mudado de emprego ao longo do último ano —o percentual era de 26% no mesmo mês de 2020.

Quando se considera apenas a faixa etária entre 18 a 24 anos, esse percentual sobe para 41%, e no caso de quem tem até 17 anos, a rotatividade se eleva para 42%. Os números se comparam com 22% e 30%, respectivamente, antes da pandemia.

Bruno Imaizumi, economista da LCA autor do estudo e especialista em mercado de trabalho, explica que tradicionalmente a troca de trabalho entre os mais jovens é mais elevada, já que ocupam postos de trabalho de menor remuneração e estão em busca de melhores oportunidades no início da carreira.

“De qualquer forma, a curva de crescimento da rotatividade nos últimos anos é maior no caso dos mais jovens”, diz ele.

Imaizumi lembra que o Brasil viveu um movimento similar à “Grande Renúncia” nos Estados Unidos, quando milhões de trabalhadores pediram demissão em meio à recuperação da economia e reflexões sobre saúde mental. Por aqui, esse movimento se manteve com a queda da taxa de desemprego nos últimos anos.

“O desemprego em patamar baixo estimulou a continuidade desse movimento, com o mercado de trabalho aquecido combinado com qualidade de vida. Os trabalhadores colocam na conta flexibilidade, tempo e trabalho híbrido, fatores que não eram colocados na conta antes da pandemia”, explica.

O trabalho remoto ou híbrido é um fator que influencia em uma rotatividade maior, com a decisão da volta presencial muitas vezes influenciando nas decisões de desligamento da empresa. Outro ponto importante é a digitalização cada vez maior da economia, com plataformas de busca de emprego e redes sociais permitindo troca de informações de forma rápida e eficiente.

Esse acesso é um dos fatores que influenciam no crescimento maior da taxa de rotatividade dos mais jovens, aponta Amanda Adami, gerente da empresa de recrutamento Robert Half.

“A geração Z tem muito acesso à informação, e leva muito em consideração a saúde mental, a qualidade de vida, o propósito. São todos pontos nos quais que a geração anterior nem parava para pensar”, diz a especialista. “Quando não se sentem felizes, mudam de emprego.”

O cenário traz desafios para as empresas, que precisarão investir em capacitação de lideranças, treinamento para a convivência entre diferentes gerações e melhoria nas condições de trabalho, entre outras frentes, para melhorar a retenção. “Tem que olhar muito para dentro de casa para saber como reter esse profissional, e como trazer propósito ao ambiente de trabalho”, diz Adami

 

PRESSÃO SALARIAL

A produtividade é uma das principais preocupações de uma rotatividade excessivamente alta, que sempre foi realidade no Brasil, segundo Hélio Zylberstajn, professor sênior da faculdade de economia da USP e coordenador do Salariômetro da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

“A taxa de rotatividade é vergonhosamente alta no Brasil”, afirma. “Não existe um nível de comprometimento capaz de reter contratos ao longo do tempo, e isso cria um ambiente que não induz ao aumento da produtividade.”

Em 2024, um trabalhador brasileiro produziu, em termos de riqueza, menos de um quarto do que um colega norte-americano, de acordo com dados do Conference Board.

Zylberstajn explica que o movimento atual está relacionado com maiores salários que estão sendo pagos a novos funcionários. Dados calculados pela Fipe mostram que, historicamente, os novos empregados ganham em média 9% a menos do que os anteriores, percentual que se reduziu a 4% no pós-pandemia. “O mercado de trabalho está muito apertado. Há escassez de mão de obra em diversos segmentos, como construção civil e comércio.”

 

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